segunda-feira, 1 de abril de 2013



I - PANORAMA  DA  SITUAÇÃO PRÉ 1930


Os anos que vão de 1889 (Proclamação da República) até 1930 (Revolução de outubro), a chamada República Velha, foram marcados entre outras coisas, pela predominância na política nacional dos interesses da oligarquia cafeeira.
Neste período, São Paulo e Minas Gerais, os principais produtores de café no Brasil, alternavam-se a cada quatriênio no governo da República, fato que ficou conhecido como "Política do café com leite". Estados de menor expressão econômica apoiavam, por meio de seus representantes no Congresso, os atos do Presidente da República, que em troca comprometia-se a não interferir em questões políticas locais. (Política dos Governadores)
Voto aberto, fraudes eleitorais, adulterações de toda espécie e tipo concorriam para que a chapa oficial fosse sempre vencedora nos pleitos. Com o apoio dos líderes políticos de um número de Estados suficiente para assegurar a maioria eleitoral, o candidato indicado, amparado pelo regime vigente, temia pouco a derrota.
Tendo apoio assegurado no Congresso, o Presidente da República podia dedicar-se a aplicação de seu plano de governo, que muitas vezes não estavam de acordo com os anseios da nação e do povo como um todo. Segundo Barbosa Lima Sobrinho tal dissídio de interesses entre o governo e o povo acentuariam-se entre os anos de 1922 e 1930.[1]
Arthur Bernardes (22-26), que no processo de sucessão a Epitácio Pessoa teve seu nome vetado pelo Rio Grande do Sul, encontrando forte resistência popular a sua candidatura, acentuou em seu governo o descontentamento generalizado em relação ao status quo.
O governo Bernardes foi marcado por medidas de caráter anti-popular. Basta dizer que no seu quatriênio ele governou o Brasil sob estado de sítio por três anos. Além disso, promoveu a reforma constitucional, no sentido da restrição de garantias jurídicas dos direitos individuais, bem como aconselhou a pena de morte, em declaração solene, nas mensagens presidenciais.
Como sucessor de Artur Bernardes, Washington Luís (1926-30) tinha como um dos principais planos a reforma financeira. A ideia era manter o câmbio baixo. Estabilizar, e não valorizar, devia ser o lema brasileiro.
No começo de dezembro, 18 dias depois da posse do Sr. Washington Luís, o projeto de reforma monetária dava entrada na Câmara dos Deputados, pela mão do Sr. Júlio Prestes, líder da maioria. Duas semanas foram suficientes para que o projeto recebesse a chancela do legislativo, convertendo-se na lei n.o  5.108, de 18 de dezembro de 1926.
A insistência em se manter a moeda brasileira sob uma taxa fixa de câmbio acabaria por descontentar parte dos cafeicultores, pois provocava no setor exportador uma receita decrescente, à medida que caiam os preços do café no exterior.
Provocava-se, desta forma, uma divisão no seio do setor agrário-exportador que não via com bons olhos a candidatura de Júlio Prestes, que como candidato oficial daria continuidade a política econômica do Sr. Washington Luís.
A divisão de opiniões entre os cafeicultores, aliada ao descontentamento generalizado do povo e de parte do exército com a política dos últimos presidentes, foram fatores determinantes para os sucessos do movimento desencadeado em outubro de 1930.




[1] SOBRINHO, Barbosa Lima. A verdade sobre a revolução de outubro. p.p. 2 e 3

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